quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Caminho do Oscar 2012: Melancolia


O filme que mistura drama com ficção científica é arrebatador em todos os quesitos. Produção de primeira num roteiro que diversifica um pouco do estilo controverso do roteirista e diretor Lars von Trier. O filme aborda um lado sobre a depressão que me pareceu único de Von Trier. Justine exala angústia e, com o perdão da palavra, melancolia, que em sua própria festa de casamento não consegue se ver contente, a frustração já lhe dominou por completo, percebe claramente um sentimento de aceitação quanto ao que se sente.

A estória que envolve as duas irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg), trata até de um jeito romântico, a relação das duas e o medo de Claire e a aceitação de Justine quanto à passagem do planeta Melacholia, que sua órbita se cruza com a da Terra, podendo haver um possível impacto. Os personagens são muito bem construídos, sentimos seus sentimentos e decepções. É claro que o roteiro ajuda nesse aspecto, mas as atuações das protagonistas elevam nossas sensações quanto a esses complexos personagens. O planeta Melancholia, até de um jeito metafórico, parece ser algo além do inanimado, é uma personagem atuante em toda a sua forma.

É certa a beleza e força do filme, mas me parece que para o Oscar, ele será totalmente esquecido. Não que a critica e a Academia não tenha apreciado o longa, pelo contrário, a película foi muito elogiada. Mas o revez do filme me parece ser uma lição e tentativa de desaproximação com o diretor. Lars von Trier sempre foi polêmico, prova disso foi um de seus últimos filmes “Anticristo” que tem uma relação poderosa de amor e ódio com o público por todo o seu aspecto controverso, mas me parece que ele passou do limite na conferência de impressa do próprio “Melancolia” em Cannes. Quando indagado sobre suas origens, Lars afirmou "I thought I was a Jew for a long time and was happy being a Jew, Then later I found out that I wasn't a Jew. I really wanted to be, but found out I was really a Nazi because my family was German. I understand Hitler, but I definitely see some wrong things. I just think I understand the man. He's not what I call a good guy. I'm not for the Second World War. I'm for Jews, well maybe except for the Israelis - sometimes they're a problem...". Questionado e causando admiração no público, Von Trier tentou se retificar "Oh god, How can I get out of this sentence...? OK, I'm a Nazi. This movie was done on a great scale. Yeah, that's what we Nazis do - we do things on a grand scale.".

A piada de Von Trier rendeu mais do que isso. Recebeu críticas pelo comentado. Ele tentou se desculpar, mas acabou sendo considerado persona non-grata em Cannes e foi banido do festival. Apesar de Kisten ter levado o prêmio de melhor atriz em Cannes, Melacolia sofreu com os comentários, ficando fora de outras premiações importantes do mundo do cinema. Houve os que levaram em conta o filme em si e não o gênio do diretor e o filme ainda sim conseguiu entrar em alguns festivais interessantes e levar alguns prêmios de críticos, mas me parecendo não ter força necessária para integrar entre os 10 melhores filmes do Oscar.

Melancolia é uma obra angustiantemente interessante e merecia certamente receber alguma indicação. Kirsten Dunst deu a performance de sua vida, tanto esforço tem se mostrado inútil quanto a sua primeira indicação ao prêmio. Charlotte Gainsbourg como Claire foi a melhor atriz coadjuvante do ano em minha opinião, superando as atrizes de “Histórias Cruzadas” Octavia Spencer e Jessica Chastain. Como o início do filme mostra, a própria direção de arte e fotografia são magníficas, podendo ser os únicos resquícios lembrados pela Academia.





Possíveis indicações:

·        Melhor Atriz: Kirsten Dunst
·         Melhor Atriz Coadjuvante: Charlotte Gainsbourg
·        Melhor Direção de Arte: Simone Grau
·       Melhor Fotografia: Manuel Alberto Claro
·         Melhor Edição: Molly Marlene Stensgaard




sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Caminho do Oscar 2012: A Árvore da Vida


A Árvore da Vida foi um dos filmes mais comentados do ano com certeza. Primeiro, pelo seu fantástico trailer já dando a noção de uma direção incrível de Terrence Malick. Segundo, por sua própria execução inovadora. Claramente, A Árvore da Vida não é um filme comercial e não tinha a intenção de agradar a todos. Todas as suas passagens que falam propriamente sobre a vida, passando da criação do universo, da relação do Deus e principalmente da relação de um filho com seu pai foram tratadas de formas únicas num roteiro diferente, mas grandioso. O filme traz muitas introspecções e tenho certeza que é isso que conecta tão bem o público à história.

O filme é inovador, todos os quesitos da produção estão perfeitos. Nunca tinha visto algo tão sensível e puro, essa pureza de imagens e sensações, acho eu, é o que o torna tão incrível. Pra mim, o melhor filme do ano.

A crítica adorou a película. E desde o começo do ano, ele se mostrou um grande candidato ao Oscar levando alguns prêmios importantes como a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes.

Por ter sido lançado em maio, bem antes dos filmes concorrentes ao maior prêmio do cinema, A Árvore da Vida parece, agora, ter sido um pouco esquecido (prova disso é a sua falta sentida nas indicações para o Globo de Ouro), mas ainda acredito na sua força para receber uma das 10 indicações a melhor filme.

Pelos prêmios recebidos com o decorrer do ano, Emmanuel Lubezki (diretor de fotografia) acredito não só receber uma indicação, mas ser o grande favorito a vencer. A incansável Jessica Chastain pode ser lembrada, até mais pelo conjunto de seu trabalho nesse ano, que só inclui filmes de alto nível com grandes performances da moça, como em Histórias Cruzadas e A Dúvida.

Terrence Malick inovou. Como 2001: Uma Odisséia no espaço, o seu verdadeiro valor parece não ter sido percebido pelo grande público e, como o próprio filme de Kubrick, me parece que só será valorizado daqui a tempos depois.




Possíveis Indicações:

·       Melhor Filme
·         Melhor Ator Coadjuvante – Brad Pitt
·         Melhor Atriz Coadjuvante – Jessica Chastain
·       Melhor Direção – Terrence Malick
·         Melhor Roteiro Original – Terrence Malick
·       Melhor Fotografia - Emmanuel Lubezki
·         Melhor Direção de Arte – David Crank
·         Melhor Edição -  Hank CorwinJay RabinowitzDaniel RezendeBilly Weber  e Mark Yoshikawa
·       Melhores Efeitos Especiais - Brian Cross e Ryan Roundy
·         Melhor Trilha Sonora – Alexandre Desplat




terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Caminho do Oscar 2012




Vinte e seis de fevereiro de dois mil e doze está chegando. Para muitos essa é uma data comum, mas para os adoradores do Oscar, como eu, é uma data muito importante. Esse será o dia que conheceremos os vencedores do ano que se passa. Este foi um ótimo ano para o cinema, várias películas de altíssimo nível foram exibidas. A temporada de premiações já começou e vários filmes já saíram como favoritos para muitas indicações ao Oscar, evento que ocorrerá no dia vinte quatro de janeiro do próximo ano. Li muito sobre vários desses filmes e, paulatinamente, estou vendo alguns desses tantos. Já tenho meus favoritos sim, alguns filmes realmente me tocaram, então aqui eu explanarei a minha humilde opinião sobre estes filmes, darei a minha visão sobre o filme e suas possíveis indicações e vitórias. Essa então será uma seção do meu blog, A CAMINHO DO OSCAR 2012, e estas serão algumas das obras que falarei:


A Árvore da Vida
·         A Árvore da Vida
·         Melancolia
·         Toda Forma de Amor
·         Os Descendentes
·         Drive
·         The Artist
·         Histórias Cruzadas
·         O Homem que Mudou o Jogo
·         Meia-Noite em Paris
·         Tudo pelo Poder
·         A Dama de Ferro
·         The Guard
·         E outros


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sentimento Recorrente - Hiper-realidade


Esse foi o primeiro curta que fiz, a oportunidade foi aproveitada por ser o tema do trabalho da matéria Sociologia da Comunicação da Universidade Federal de Alagoas. Meu grupo teria que estudar sobre o conceito de “hiper-realidade”, autoria do francês Jean Baudrillard. Como eu e meu colega Rodolfo Ventura somos admiradores do cinema, decidimos fazer um vídeo diferente, nada de conceitos jogados onde se insiste em palavras que tentam de toda forma deixar claro o tema por sufocamento de informações, queríamos algo mais sutil, transportar toda a complexidade da “hiper-realidade” para uma estória.
A qualidade do vídeo não está muito boa como também as atuações, mas a dificuldade de fazê-lo foi imensa. A edição e a direção do Rodolfo Ventura ainda levantaram muito a qualidade final do vídeo. Para mim, eu queria que analisassem o roteiro, gostei de tê-lo feito, foi bem trabalhoso, mas recompensador.











Por via de dúvidas, aqui está todo o roteiro.


 "SENTIMENTO RECORRENTE"


CENA Um:

Narrador: “Será que sou o único que vê isso? Encarcerado num mundo sem origem nem realidade? Tomara que não, espero que não. Caso contrário, tudo está perdido, a esperança, então, há tempos foi morta.

Cheguei a certo ponto que não sei o que realmente acontece. Se o que está diante dos meus olhos é falso ou verdadeiro... Eu não sei, está além. O verdadeiro significado de tudo parece ter sumido. Se foram os verdadeiros referenciais, só ficaram os sentidos artificiais. A vida agora se assemelha a um sonho, alienação do inconsciente, numa constante vivência que já não é racional, é apenas operacional.”


CENA Dois:

Narrador: “Mais um dia. E novamente sinto que o que vivo é uma constante de memórias e modelos de comandos que se recorrem e multiplicam-se com o passar dos dias. Não sei quando tudo isso começou, embora também ache que não o primeiro a perceber o mesmo.”

Narrador: “Se o mundo notou, por que nada mudou?

[...]

Ele percebeu, a história percebeu, nada se alterou. Pode-se culpar o capital, alimentado pela desestruturação de todo referencial ao favor da lei de troca, pode-se culpar o próprio homem, sedento desse tal avanço tecnológico e racional, exterminador do segredo, do enigmático, do ilusório. Mas na verdade não há culpados, somos todos vítimas e autores desse crime que, assim, caminham paradoxalmente para uma espécie de virtualização onde já não seremos necessários, tudo que é humano e subjetivo tornar-se-á inútil. Sobreviveremos na simulação. Não adianta mais negar, já tinha chegado à essa conclusão antes, e, agora cada vez mais, ela se confirma.

Apresentador: - Bem-vindo de volta, caro telespectador, retornamos com “An American Family”. [Percebe o confuso e irritado narrador] Ei, rapaz. Calma. Pare de se martirizar e relaxe. Sente-se, assista e esqueça o que te incomoda.

Narrador: - Você de novo. [Irritação] Já não basta tudo que fez. Parte disso é culpa sua. Com sua sutileza imperceptível, me observa, não precisa de persuasão, dissuade-me. Assim aboliu-se a questão do sujeito e do objeto, do passivo e do ativo. Agora, eu sou o modelo! Eu sou a informação!

Apresentador: - Ah!!! Então é assim, é? Deixaremos as máscaras de lado, então. Rapaz, por mais que meus métodos sejam discutíveis, ninguém perde a oportunidade de me assistir, todos querem um lugar em frente à TV. Se fui mostrando a profundidade do cotidiano numa transparência excessiva, as pessoas adoravam, meus realities são amados. Crio esse arrepio causado pela realidade, exalto o insignificante e assim vocês podem observar tudo de uma visão microscópica, assim acabo com as distâncias, é como se cá vocês estivessem.

Narrador: - Mas desse jeito não há mais uma visão perspectiva, você não é mais fonte de um olhar absoluto e o seu ideal de controle já não é o da transparência. Já não se vê a diferença entre o que é mídia e o que é transmitido.

Apresentador: - Confusão entre o meio e a mensagem? Quem liga quando se cria a mais bela proeza da televisão! É a mistura indiscernível da vida com a TV. Fim das dualidades, diferenças entre sujeito e objeto, causa e efeito não existem, ajo como o código genético que comanda a substância viva. E ninguém nada pode fazer, você nada pode fazer.
                     
 - E então, rapaz? Qual será seu próximo movimento? Se nem a si mesmo consegue salvar. Você está mais que mergulhado nesse mundo que você tão critica.

Narrador: - Ah!! [Negação] Eu não sei, não sei [Dúvida] Deve haver alguma maneira, você não pode estar certo.
                 - Preciso tomar ar. Preciso andar um pouco e observar as pessoas.



CENA Três:

Narrador: “Quanto mais penso, mais confuso e cético fico. Vejo as pessoas, elas também parecem viver uma simulação regida por falsos referenciais, embora sinta como se elas não se importassem.

Disso tudo que vêem a mim, uma das coisas que mais me intriga é o consumo. Ele se mostra não ter necessidade, não ser racional. Segue-se produzindo muito porque segue-se comprando muito. Esta é a definição de ser livre, é poder consumir, ser dono do próprio nariz... Só do nariz, porque a mente já foi dominada. O objeto consumido perdeu seu valor de uso, criaram funcionalidades extras que vão além das limitações do objeto e é isso que se consome, essa felicidade e vida ilusória é o que se consome.

Acordem! Chega desses falsos sorrisos. Seus robôs inúteis! Não percebem que viraram máquinas?
Trabalha-se para consumir, o trabalho não é mais uma necessidade, é uma imposição. Pelo consumo não há mais liberdade, não se escolhe o que eu vestir, pensar ou fazer. O status, o grupo é a identidade. Somos rótulos ambulantes.

Tento me libertar, mas não faz efeito. Nasci, cresci, vivo nesse mundo alterado. Também é intrínseco em mim e como já é algo interno, faz parte do meu ser.”


CENA Quatro (CENA Um):

Narrador: “Não sou ser único, sou apenas mais um entre todos. Satelizados, encarcerados, presos pelo medo da possibilidade de aniquilação, como de uma bomba atômica, vivendo na ausência de autonomia do agir onde a homogeneização ficará clara, já é clara. [...] Sinto que já ultrapassei o próprio fim para onde não há mais realidade. Tentam exterminar o enigmático e o ilusório, o segredo da vida, a ilusão que a faz especial. Já eles não sabem que a ilusão é a regra geral do universo, a realidade não é mais que uma exceção.”


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Handebol


Entra em quadra. O frio na barriga e a mão suada são necessários, mostra que ainda se importa. Agora não é mais algo seu, não é particular, ele é o grupo, ele é o time.
Sete contra sete, os olhos mostram a gana de vencedor, um simples encarar reflete a rivalidade do jogo.
Começa. Primeiro, antes da verdadeira batalha, existem os abraços e apertos de mãos, cordialidades constantes em um esporte onde a amizade é tão mais comum, mas quando aquele apito soa e ecoa, as faces mudam, tudo muda. A vontade de vencer é superior.
O jogo é rápido e flui naturalmente. Com passes ágeis, olhos focados e cabeça sempre pensando, notam-se verdadeiros enxadristas dispostos a usar toda força mental e física para vencer.
O trabalho de bola é a beleza do jogo. Passe, passes, fintas, tiradas de braço, comemora-se o gol. Não importa tamanho, origem ou cor, nesse esporte democrático, todos têm seu espaço. Velocidade, habilidade ou força, impulsão vertical ou horizontal, cada jogador é uma peça importante independente de qual seja sua característica marcante, todos se complementam.



O placar aperta, o jogo é disputado.  Quando a dificuldade aparece é quando surgem os verdadeiros bons jogadores. O nervosismo é inevitável, mas a experiência e a confiança falam mais alto. As partidas são sempre duras, os times são igualmente fortes. Vence aquele que está mais concentrado, o jogador pensante, que deixa o impulso de lado e que o nervosismo já não atrapalha, é tão natural que o ajuda.
Vitória. Esquecem-se nomes ou apelidos. O grupo é o vencedor. O esporte da arte com as mãos, da mistura da leveza, da habilidade e da força, substantivos tão diferentes mas, aqui, tão complementares, realmente ensina. Adrenalina viciante, quando se olha pra trás, não se vê vida sem esse H-esporte... É, vá por mim.