O
filme que mistura drama com ficção científica é arrebatador em todos os
quesitos. Produção de primeira num roteiro que diversifica um pouco do estilo
controverso do roteirista e diretor Lars von Trier. O filme aborda um lado
sobre a depressão que me pareceu único de Von Trier. Justine exala angústia e, com
o perdão da palavra, melancolia, que em sua própria festa de casamento não
consegue se ver contente, a frustração já lhe dominou por completo, percebe
claramente um sentimento de aceitação quanto ao que se sente.
A
estória que envolve as duas irmãs Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte
Gainsbourg), trata até de um jeito romântico, a relação das duas e o medo de
Claire e a aceitação de Justine quanto à passagem do planeta Melacholia, que
sua órbita se cruza com a da Terra, podendo haver um possível impacto. Os
personagens são muito bem construídos, sentimos seus sentimentos e decepções. É
claro que o roteiro ajuda nesse aspecto, mas as atuações das protagonistas
elevam nossas sensações quanto a esses complexos personagens. O planeta
Melancholia, até de um jeito metafórico, parece ser algo além do inanimado, é
uma personagem atuante em toda a sua forma.
É
certa a beleza e força do filme, mas me parece que para o Oscar, ele será
totalmente esquecido. Não que a critica e a Academia não tenha apreciado o longa,
pelo contrário, a película foi muito elogiada. Mas o revez do filme me parece
ser uma lição e tentativa de desaproximação com o diretor. Lars von Trier
sempre foi polêmico, prova disso foi um de seus últimos filmes “Anticristo” que
tem uma relação poderosa de amor e ódio com o público por todo o seu aspecto
controverso, mas me parece que ele passou do limite na conferência de impressa
do próprio “Melancolia” em Cannes. Quando indagado sobre suas origens, Lars afirmou "I thought I was a
Jew for a long time and was happy being a Jew, Then later I found out that I
wasn't a Jew. I really wanted to be, but found out I was really a Nazi because
my family was German. I understand Hitler, but I definitely see some wrong
things. I just think I understand the man. He's not what I call a good guy. I'm
not for the Second World War. I'm for Jews, well maybe except for the Israelis
- sometimes they're a problem...". Questionado e causando admiração no público,
Von Trier tentou se retificar "Oh god, How can I get out of this
sentence...? OK, I'm a Nazi. This movie was done on a great scale. Yeah, that's
what we Nazis do - we do things on a grand scale.".
A
piada de Von Trier rendeu mais do que isso. Recebeu críticas pelo comentado.
Ele tentou se desculpar, mas acabou sendo considerado persona non-grata em Cannes e foi banido do festival. Apesar de
Kisten ter levado o prêmio de melhor atriz em Cannes, Melacolia sofreu com os
comentários, ficando fora de outras premiações importantes do mundo do cinema.
Houve os que levaram em conta o filme em si e não o gênio do diretor e o filme
ainda sim conseguiu entrar em alguns festivais interessantes e levar alguns
prêmios de críticos, mas me parecendo não ter força necessária para integrar
entre os 10 melhores filmes do Oscar.
Melancolia
é uma obra angustiantemente interessante e merecia certamente receber alguma
indicação. Kirsten Dunst deu a performance de sua vida, tanto esforço tem se
mostrado inútil quanto a sua primeira indicação ao prêmio. Charlotte Gainsbourg
como Claire foi a melhor atriz coadjuvante do ano em minha opinião, superando
as atrizes de “Histórias Cruzadas” Octavia Spencer e Jessica Chastain. Como o
início do filme mostra, a própria direção de arte e fotografia são magníficas,
podendo ser os únicos resquícios lembrados pela Academia.
Possíveis
indicações:
·
Melhor Atriz: Kirsten Dunst
·
Melhor Atriz Coadjuvante: Charlotte
Gainsbourg
·
Melhor Direção de Arte: Simone Grau
· Melhor Fotografia: Manuel Alberto
Claro
·
Melhor Edição: Molly Marlene Stensgaard
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